domingo, 20 de maio de 2007

 

Ariadne

Ariadne foi abandonada por Teseu em Naxos. O que foi injusto porque, sem Ariadne, não teria vencido o Minotauro de Creta, libertando os atenienses. Mas a verdade é que Teseu a deixou. Devia ser um jovem impaciente e é possível que houvessem tido algum arrufo. Pobre Ariadne! Acorda, procurando o amante...e descobre que desapareceu! Olha para o mar e vê o navio afastando-se rumo ao Ocidente. Ele vai para Atenas sem ela, esquecendo todas as suas promessas.
Não devia ter feito promessas. Assim, não faltaria à palavra dada. Outra prova da cansativa negligência de Teseu e da sua incapacidade para compreender a essência de uma promessa, foi quando esqueceu a promessa que fizera ao pai. Deixou a vela preta no navio e esqueceu-se de a substituir pela branca... e o pobre pai Egeu, esperando o seu regresso em Súnion, pensou que o filho morrera e atirou-se ao mar.




Abandonada em Naxos, Ariadne desfez-se em lágrimas. Como chora o seu infiel amante! Mas é logo consolada! Eis que se aproxima o deus do vinho e da alegria, de olhos incendiados. Envergando (podemos fantasiar) as suas habituais peles de leopardo, dirige-se a ela numa quadriga veloz, puxada por majestosos cavalos. Vê Ariadne...e o problema dela fica resolvido! Substitui Teseu por um novo amante. Troca bronze por ouro. Um deus no lugar de um homem. Sim, Dionísio veio a Naxos. O deus da paixão, das delícias e do vinho.
Até podemos imaginar o séquito de Dionísio no meio daquela vegetação muito verde. O estrondo dos címbalos, o som das flautas...Sátiros dançando na sombra à medida que o belo jovem avança. Os olhos de Ariadne brilham, observando este fenómeno divino.
Extasiada, entrega-se ao deus e dá-se a sua união.






SUNION

Na nudez da luz (cujo exterior é o interior)
Na nudez do vento ( que a si próprio se rodeia)
Na nudez marinha (duplicada pelo sal)


Uma a uma são ditas as colunas de Sunion

- Sophia de Mello breyner Andresen -
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