quinta-feira, 23 de novembro de 2006

 

Parténon


Em qualquer descrição do Parténon não faltam superlativos. Este templo dedicado a Atena Partenon, a deusa padroeira da cidade de Atenas, é considerado o supremo exemplo da aquitectura clássica, uma obra-prima artística e escultural.
O edifício foi erigido em meados do século V a.C. Por essa altura, os Persas, que em 480 a.C., tinham sido bem sucedidos na tomada de Atenas, já haviam sido expulsos e a cidade, sob a influência do estadista Péricles, registava um desenvolvimento incomparável. Este progresso e clima de autoconfiança reflectia-se num sumptuoso projecto de construção custeado pelos tributos exigidos aos aliados de Atenas.
O estilo de construção desenvolvera-se a partir do usado em estruturas de madeira mais simples e o Parténon exibe em pedra toda a elegância desses primeiras soluções. Contudo, a simplicidade que exibe é enganadora. O arquitecto, um grego jónico chamado Ictino, era um mestre da perspectiva, calculando exactamente a forma como um edifício deveria ser concebido para agradar ao olho humano que o observasse de baixo para cima.


Desde há muito que se acredita que o friso do Parténon representa uma procissão em honra da deusa Atena, e muitos dos pormenores sustentam esta interpretação. No entanto, existem algumas anomalias e uma teoria afirma que o friso retrata 192 heróis gregos que morreram a combater os Persas na batalha de Maratona em 490 a.C. A presença de uma assembleia completa de deuses, para além de Atena, parece mostrar que se trata de uma cerimónia de invulgar importância e que os heróis da Maratona estão a ser apresentados aos deuses do Olimpo.





A imagem moderna que temos dos templos gregos a brilhar de alvura é falsa. O Parténon estava inicialmente pintado de uma cor viva, se não mesmo garrida. Ao longo dos anos, o mármore foi sofrendo os efeitos funestos da poluição de Atenas e dos incalculáveis números de turistas que enchem a Acrópole.
O edifício foi ao longo dos tempos usado com propósitos muito diferentes, servindo como igreja tanto ortodoxa como católica e até como mesquita. Em 1687, o exército turco usava-o como paiol de pólvora quando as forças venezianas o fizeram explodir.
Projectos de restauro duvidosos do século XIX acabaram por não ir para a frente e hoje em dia, apesar de todos estes factores, o Parténon, permanece uma visão verdadeiramente impressionante.
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sexta-feira, 3 de novembro de 2006

 

A caixa de Pandora


Prometeu criou o homem, dando-lhe forma e inteligência. A única coisa que diferenciava o homem dos deuses era que eles não possuiam o fogo e por isso Zeus o escondeu.
Mas Prometeu quebra um pequeno galho seco de uma árvore, voa rapidamente até ao céu e o acende no calor do Carro do Sol. Agora que os homens conhecem o segredo do precioso elemento, pouco os difere dos deuses. Os deuses entram em pânico. Discutem como tornar os homens novamente submissos e humildes. Mas Zeus inventa a forma mais rápida de destruir o paraíso dos homens: a mulher.

Zeus ordenou a Hefesto (Vulcano), o Deus das Artes, que modelasse uma mulher semelhante às deusas imortais e que ela fosse muito dotada. Poucas horas depois, Hefesto chegou com uma estátua de pedra que retratava uma belíssima e encantadora donzela. Ela era linda, e clara como a neve. Atena deu-lhe a vida com um sopro e ensinou-lhe a arte da tecelagem, os outros deuses dotaram-na de todos os encantos: Afrodite deu-lhe a beleza, o desejo indomável e os encantos que seriam fatais aos indefesos homens. Apolo confere-lhe a voz suave do canto e a música, as Graças embelezaram-na com lindíssimos colares de ouro e Hermes, a persuasão.

Em outras palavras, Hermes deu-lhe graciosa fala enchendo-lhe o coração de artimanhas, imprudência, ardis, mentira e astúcia. Por tudo isso ela recebeu o nome de Pandora ( "a que possui todos os dons"). E da forma mais perfeita e eficaz fez-se o malefício.
Enfim a bela Pandora está pronta para cumprir sua missão. Mas antes de enviá-la em sua caminhada, Zeus entrega-lhe uma caixa coberta com uma tampa. Nela estão contidos todos os males que desde então se abateram sobre a humanidade,
Pandora é então enviada como presente a Epimeteu cujo nome significa ("aquele que pensa depois" ou "o que reflete tardiamente").

Epimeteu havia sido avisado por Prometeu para não aceitar nenhum presente dos deuses, mas, encantado com Pandora, desconsidera as recomendações do irmão. Pandora chega trazendo em suas mãos uma caixa fechada que trouxera do Olimpo como presente de casamento ao marido. Pandora abre-a diante dele e de dentro, como nuvem negra, escapam todas as maldições e pragas que assolam todo o planeta. Desgraças que até hoje atormentam a humanidade. Pandora ainda tenta fechar a caixa divina, mas era tarde demais: ela estava vazia, com a excepção da "esperança", que permaneceu presa junto à borda da caixa. A única forma do homem para não sucumbir às dores e aos sofrimentos da vida. Assim, essa narração mítica explica a origem do males, trazidos com a perspicácia e astúcia “daquela que possui todos os dons”.
Mas Zeus não quer que os homens esperem mais nada. A um só gesto do deus, Pandora fecha a caixa, deixando a esperança calada no fundo, escondida para sempre.



Deste mito ficou a expressão "caixa de Pandora", que se usa em sentido figurado quando se quer dizer que alguma coisa, sob uma aparente inocência ou beleza, é na verdade uma fonte de calamidades. Abrir a Caixa de Pandora significa que uma acção pequena e bem-intencionada pode provocar uma avalanche de repercussões negativas.
No mito de Prometeu e de Pandora, a mulher aparece como um "presente" dado aos homens. Semelhante às deusas ela foi moldada em suas feições recebendo ainda todos os dons divinos. E foi Hermes quem lhe pôs no coração a perfídia e os discursos enganosos, além da curiosidade.

Desde então, a mulher é considerada a origem de todos os tormentos do homem. Tanto na tradição Grega quanto na Judaico-Cristã há uma tentativa de transgressão dos limites humanos e é a entidade feminina quem impulsiona o homem para tal acção. Na narrativa dos Hebreus a tomada de consciência era oferecida ao homem por Eva. No mito Grego, houve primeiro uma simulação frustada pela brincadeira de Prometeu ao tentar testar o poder e a clarividência dos Deuses. Depois o próprio Prometeu traz o fogo como presente mas os homens embevecidos com a nova condição, julgam-se iguais aos deuses e provocam uma situação de serem punidos novamente. Aí chega Pandora que ao abrir a caixa derrama sobre a terra todas as desgraças. E a consequência é a perda do paraíso. Mas também se não fossemos expulsos, não cresceríamos. Ainda hoje, a visão que se tem da mulher costuma ser permeada da influência desses dois mitos. Há quem a veja como uma bênção e daria tudo para ter a sua companhia. Há, por outro lado, quem pense diferente.


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