quinta-feira, 5 de junho de 2008

 

Os Olímpicos (2ª Parte)

AtlasMuito embora Geia, a Terra-Mãe, exorte os titãs a aceitar Zeus como deus supremo, a maior parte deles recusa, desencadeando uma épica guerra, de dez anos - a Titanomaquia. Por fim, Zeus e os seus irmãos, em conjunto com os seus aliados, prevalecem sobre os titãs, que se vêem exilados para as profundezas do Tártaro.


Dos derrotados titãs, apenas o que se chama Atlas recebe um destino diferente. É condenado por Zeus a viver na orla do mundo, onde deve segurar os céus e manter a separação do céu e da Terra para toda a eternidade. (As montanhas Atlas em Marrocos, perto do Oceano Atlântico, são supostamente o local onde Atlas se encontra. E quando um cartógrafo criou uma colecção de mapas do mundo, conhecido em 1570, chamou-lhe um "atlas" em sua honra.)

Porém, o trabalho de Zeus não está terminado. Antes de poder afirmar totalmente a sua liderança, terá também de derrotar uma raça de Gigantes nascidos do sangue derramado pela castração de Úrano. Com a ajuda de Héracles, meio humano e meio deus (Hércules para os Romanos), Zeus e os deuses vencem os gigantes que, reza a lenda, foram então enterrados sob vulcões, em várias partes da Grécia e de Itália. Quando, mais tarde, os Gregos desenterraram os ossos de animais pré-históricos, acreditaram ter encontrado os restos mortais desses Gigantes.

Por fim, Zeus vence Tífen (ou Tifeu), um monstro com cem cabeças de dragão, olhos abrasadores e muitas vozes, usando raios para o fazer cair para o Tártaro, onde ficou e se tornou a origem dos furacões. (A palavra "tufão" é, na realidade, uma mistura deste nome grego, adaptado mais tarde pelo arábico, com as palavras chinesas "Tai fung", que significam "vento grande".) Com Titãs, Gigantes e monstros reduzidos a buracos no seu cinto divino, Zeus é declarado senhor dos outros deuses e deusas, que concordam em viver com ele no Monte Olimpo. A montanha mais alta da Grécia, o Olímpo ascende aos 2917 metros e fica no Norte do país, dividindo a região da Tessália da Macedónia.
O cume encontra-se habitualmente coberto de neve e envolto em nuvens, o que serve para realçar ainda mais a sua atmosfera misteriosa como morada tradicional dos deuses.
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quarta-feira, 30 de abril de 2008

 

Os Olímpicos (1ª Parte)

Zeus
A impaciente assistência está agora no ponto. O palco está pronto para a entrada das mais importantes e conhecidas figuras dos mitos gregos - os Olímpicos -, alguns dos quais descendem de Crono.

Sabendo a forma como depôs o seu prório pai, Crono teme que os filhos do seu casamento com a irmã, Reia, possam seguir-lhe o exemplo, por isso engole os cinco primeiros filhos assim que a mãe os dá à luz. Para salvar o sexto filho, Reia engana Crono e fá-lo engolir uma pedra embrulhada num cobertor de bebé, e depois esconde a criança numa caverna, na ilha de Creta, onde o menino é criado por ninfas e alimentado a leite e mel. Essa criança, salva por reia, é Zeus.

A mais poderosa de todas as potentades gregas, Zeus ascenderá ao lugar de senhor do panteão dos deuses gregos. Contudo, primeiro deverá demonstrar que é merecedor desse lugar. As suas provas iniciam-se quando regressa para desafiar a supremacia do pai e resgatar os irmãos - uma repetição da batalha de Crono com o seu próprio pai, Úrano.

Com a ajuda de Reia, começa por enganar Crono e levá-lo a beber um líquido que o faz vomitar as cinco crianças engolidas mais a pedra de Reia. Zeus liberta depois os terríveis Cíclopes, ainda presos no interior da Terra, e estes fabricam armas mágicas para Zeus e os seus dois irmão, incluíndo a grandiosa lança de três dentes, ou tridente, para Posídon, um capacete que conferia invisibilidade para Hades, e os raios que se tornam a fabulosa arma e símbolo de poder de Zeus.

Este libertou também os assustadores Hecatonquiros das profundezas de Tártaro, onde foram aprisionados.
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quinta-feira, 17 de abril de 2008

 

A castração de um deus

Crono devorando um dos filho
Ressentida e em sofrimento, Geia quer que os filhos tratem de "despachar" o seu querido pai. Porém, apenas Crono, o mais jovem dos Titãs, demosntra ter a fibra necessária. Geia dá a Crono uma pequena foice com a qual deveria atacar Úrano de surpresa num momento que deve ter deixado os homens da assistência de Hesíodo com uma sensação de desconforto: "Emboscado, a mão esquerda de Crono agarrou os genitais do pai, esticou a mão direita com a foice, de lâmina denteada, afiada e mortífera. Como um ceifeiro, cortou os genitais do seu próprio pai."
Segundo o relato de Hesíodo, estes genitais cortados foram então transportados para o oceano, onde a espuma do mar se misturou por magia com o sangue e o sémen de Úrano e criou Afrodite, deusa do amor que emergiu do mar.

Tendo emasculado o seu pai, Crono liberta os seus irmãos Titãs da caverna no interior de Geia e torna-se rei dos deuses.
Mais uma vez, esta história faz eco do mito mesopotâmico da criação, no qual o deus do mar primordial, Apsu, é derrubado por um dos seus filhos, Enki.



Durante o reinado de Crono, o trabalho de criar o mundo prosseguiu e centenas de outras divindades nasceram, incluíndo mais Titãs, tais como Atlas e Prometeu, os deuses ou deusas da morte, do arco-íris, dos rios e do sono - os seus nomes meticulosamente catalogados por Hesíodo. E à medida que os lemos, é impossível não pensarmos no cantor - talvez fazendo-se acompanhar de uma lira - entoando estes nomes numa festa de casamento, celebrando as gloriosas divindades.
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quarta-feira, 9 de abril de 2008

 

A criação Grega

Quaisquer que sejam as suas origens míticas, a história da criação grega centrava-se em forças primordiais que despertavam do Nada e davam vida a uma sucessão de deuses, gigantes, monstros e, por fim, às figuras aparentemente divinas com falhas estranhamente humanas.
A criação inicia-se com um estado de vazio chamado Caos - literamente "um vazio escancarado" - do qual os cinco "elementos" originais surgem simplesmente e são então personificados como os primeiros deuses:

- Geia, a deusa Terra primordial
- Tártaro, ao mesmo tempo um deus e a região mais erma e profunda dos infernos, localizada dentro da Terra.
- Eros, a força do amor, mais tarde transformado num deus do amor, que, nas palavras de Hesíodo, "vence a razão e a resoluçao no peito de todos os deuses e de todos os homens"
- Érebo, o reino da escuridão associado ao lugúbre Tártaro
- Nix, a personificação feminina da noite.

GeiaRebentando de poderosa força vital. a deusa primorfial Geia, ou Terra, é "larga de peito, a fundação segura de tudo para sempre" ao dar à luz Úrano, o "céu recamado de estrelas" e a personificação divina do céu. Livre de tabus do incesto, tal como o estavam outros deuses antigos, Úrano torna-se consorte da sua mãe e dorme com ela. A noção de que o céu e a terra foram outrora seres unidos num amplexo sexual é uma ideia antiga comum, tal como no conto egípcio do deus da terra Geb e da deusa do céu Nut, ou das divindades sumérias An e Ki.
A fértil Geia dá depois à luz as montanhas, os mares e as ninfas, que estavam associadas às árvores, às nascentes, aos rios e às florestas. Geia e Úrano concebem então um terrível trio de filhos chamados os Hecatonquitos ("com cem mãos"), monstros cada qual com três cabeças. Na próxima destas curiosas ninhadas encontram-se três filhos conhecidos como os Cíclopes de um só olho (não se trata do mais famoso Cíclope literário que aparece na Odiseia de Homero, um gigante de um só olho chamado Polifemo, um filho do deus do mar, Posídon).

Geia e Úrano dão também à luz uma dúzia de crianças conhecidas como os Titãs, a primeira geração de deuses que precedeu os posteriores deuses do Olimpo. De tamanho e força monstruosos, são eles a origem da palavra "titânico". Eram os seguintes:

- Oceano, um deus do mar cujas águas rodeavam a Terra, e a sua irmã/consorte Tétis
- Hipérion, por vezes apelidado de Sol e a sua consorte Tia (que em conjunto produzem o Sol, a Lua e a madrugada)
- Témis (chamada Lei) e Reia, outras duas deusas da Terra
- Mnemósine, a deusa da memória
- Jápeto, Cós, Crio e Febe, quatro titãs sem papéis específicos
- Crono, o mais jovem e mais ardiloso, descrito como " maquinador desonesto"

Gerar um tal número de filhos extraordinários foi uma façanha e tanto, mas Úrano não estava contente com a sua prole. Temia que estes seus descendentes pudessem insurgir-se e derrubá-lo - um tema comum nos mitos gregos e do Próximo Oriente. Por isso, Úrano tomou uma interessante decisão - talvez o resultado de algum impulso profundo oriundo de uma fantasia masculina sombria - de se unir num perpétuo acto sexual a Geia, de modo a que nada pudesse emergir da união de ambos. Comprimido sobre Geia, Úrano manteve todos os filhos fechados numa caverna no interior do enorme corpo da Terra.

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sexta-feira, 21 de março de 2008

 

A Morte de Heitor (O Fim da Ilíada)

O velho Príamo, rei de Tróia, viu, com pavor, Aquiles vestido com a sua brilhante armadura, aproximar-se de seu filho. Quando o herói grego se encontrava muito perto do seu inimigo, o próprio Heitor teve medo e se pôs em fuga. Aquiles deu três voltas às muralhas da cidade, em sua perseguição. Finalmente, Heitor parou e fez-lhe frente. O duelo começou.
Os dois heróis lançaram um sobre o outro o seu dardo, mas sem se atingirem mutuamente.







Com a coragem do desespero, Heitor tirou então a sua espada e precipitou-se sobre o seu inimigo. Mas Aquiles lançou um outro dardo e desta vez com tanta força que Heitor foi trespassado por ele.

Aquiles tirou a armadura ao cadáver e vingou o seu amigo morto arrastando o corpo de Heitor atrás do seu carro. Levou-o assim até à sua tenda, onde o abandonou, sem sepultura, aos cães e às aves de rapina.






Em seguida organizou uma brilhante festa à memória do seu amigo Pátroclo:
"Muitos bois, muito gordos, mugiam e escabujavam com o ferro no pescoço; muitos carneiros balantes e cabras berrantes, muitos cavalos bem cevados, fora da boca os dentes brancos, estavam a assar sobre as brasas, entre labaredas de Hefaistos. Por toda a parte, em volta do cadáver, como despejado a potes, corria o sangue".
Em seguida acendeu-se uma enorme fogueira, onde foi queimado o morto, com os seus cavalos e os seus cães preferidos e, sobre as suas cinzas foi levantada uma campa.


Finalmente, os deuses tiveram piedade de Heitor e da sua família. O próprio Zeus chamou Tétis: esta deveria persuadir seu filho Aquiles a entregar o corpo de Heitor a seu desolado pai. Quando o troiano entrou na tenda de Aquiles, o herói deixou-se enternecer pelos queixumes do velho. Chorou mesmo e declarou que lhe entregaria o corpo de Heitor.
Tróia encheu-se de lamentações quando os restos mortais do herói foram trazidos para a cidade, onde foi incinerado com grande pompa.








Assim termina a Ilíada.
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