quinta-feira, 17 de abril de 2008

 

A castração de um deus

Crono devorando um dos filho
Ressentida e em sofrimento, Geia quer que os filhos tratem de "despachar" o seu querido pai. Porém, apenas Crono, o mais jovem dos Titãs, demosntra ter a fibra necessária. Geia dá a Crono uma pequena foice com a qual deveria atacar Úrano de surpresa num momento que deve ter deixado os homens da assistência de Hesíodo com uma sensação de desconforto: "Emboscado, a mão esquerda de Crono agarrou os genitais do pai, esticou a mão direita com a foice, de lâmina denteada, afiada e mortífera. Como um ceifeiro, cortou os genitais do seu próprio pai."
Segundo o relato de Hesíodo, estes genitais cortados foram então transportados para o oceano, onde a espuma do mar se misturou por magia com o sangue e o sémen de Úrano e criou Afrodite, deusa do amor que emergiu do mar.

Tendo emasculado o seu pai, Crono liberta os seus irmãos Titãs da caverna no interior de Geia e torna-se rei dos deuses.
Mais uma vez, esta história faz eco do mito mesopotâmico da criação, no qual o deus do mar primordial, Apsu, é derrubado por um dos seus filhos, Enki.



Durante o reinado de Crono, o trabalho de criar o mundo prosseguiu e centenas de outras divindades nasceram, incluíndo mais Titãs, tais como Atlas e Prometeu, os deuses ou deusas da morte, do arco-íris, dos rios e do sono - os seus nomes meticulosamente catalogados por Hesíodo. E à medida que os lemos, é impossível não pensarmos no cantor - talvez fazendo-se acompanhar de uma lira - entoando estes nomes numa festa de casamento, celebrando as gloriosas divindades.
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                                                     cat128.gif Colocado por delta -- quinta-feira, abril 17, 2008