quarta-feira, 9 de abril de 2008

 

A criação Grega

Quaisquer que sejam as suas origens míticas, a história da criação grega centrava-se em forças primordiais que despertavam do Nada e davam vida a uma sucessão de deuses, gigantes, monstros e, por fim, às figuras aparentemente divinas com falhas estranhamente humanas.
A criação inicia-se com um estado de vazio chamado Caos - literamente "um vazio escancarado" - do qual os cinco "elementos" originais surgem simplesmente e são então personificados como os primeiros deuses:

- Geia, a deusa Terra primordial
- Tártaro, ao mesmo tempo um deus e a região mais erma e profunda dos infernos, localizada dentro da Terra.
- Eros, a força do amor, mais tarde transformado num deus do amor, que, nas palavras de Hesíodo, "vence a razão e a resoluçao no peito de todos os deuses e de todos os homens"
- Érebo, o reino da escuridão associado ao lugúbre Tártaro
- Nix, a personificação feminina da noite.

GeiaRebentando de poderosa força vital. a deusa primorfial Geia, ou Terra, é "larga de peito, a fundação segura de tudo para sempre" ao dar à luz Úrano, o "céu recamado de estrelas" e a personificação divina do céu. Livre de tabus do incesto, tal como o estavam outros deuses antigos, Úrano torna-se consorte da sua mãe e dorme com ela. A noção de que o céu e a terra foram outrora seres unidos num amplexo sexual é uma ideia antiga comum, tal como no conto egípcio do deus da terra Geb e da deusa do céu Nut, ou das divindades sumérias An e Ki.
A fértil Geia dá depois à luz as montanhas, os mares e as ninfas, que estavam associadas às árvores, às nascentes, aos rios e às florestas. Geia e Úrano concebem então um terrível trio de filhos chamados os Hecatonquitos ("com cem mãos"), monstros cada qual com três cabeças. Na próxima destas curiosas ninhadas encontram-se três filhos conhecidos como os Cíclopes de um só olho (não se trata do mais famoso Cíclope literário que aparece na Odiseia de Homero, um gigante de um só olho chamado Polifemo, um filho do deus do mar, Posídon).

Geia e Úrano dão também à luz uma dúzia de crianças conhecidas como os Titãs, a primeira geração de deuses que precedeu os posteriores deuses do Olimpo. De tamanho e força monstruosos, são eles a origem da palavra "titânico". Eram os seguintes:

- Oceano, um deus do mar cujas águas rodeavam a Terra, e a sua irmã/consorte Tétis
- Hipérion, por vezes apelidado de Sol e a sua consorte Tia (que em conjunto produzem o Sol, a Lua e a madrugada)
- Témis (chamada Lei) e Reia, outras duas deusas da Terra
- Mnemósine, a deusa da memória
- Jápeto, Cós, Crio e Febe, quatro titãs sem papéis específicos
- Crono, o mais jovem e mais ardiloso, descrito como " maquinador desonesto"

Gerar um tal número de filhos extraordinários foi uma façanha e tanto, mas Úrano não estava contente com a sua prole. Temia que estes seus descendentes pudessem insurgir-se e derrubá-lo - um tema comum nos mitos gregos e do Próximo Oriente. Por isso, Úrano tomou uma interessante decisão - talvez o resultado de algum impulso profundo oriundo de uma fantasia masculina sombria - de se unir num perpétuo acto sexual a Geia, de modo a que nada pudesse emergir da união de ambos. Comprimido sobre Geia, Úrano manteve todos os filhos fechados numa caverna no interior do enorme corpo da Terra.

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                                                     cat128.gif Colocado por delta -- quarta-feira, abril 09, 2008